Brasil e China podem ampliar comércio com agricultura sustentável

Relatório da Climate Bonds Initiative (CBI) indica que a criação de critérios harmonizados para produção rural sustentável facilitaria o fluxo de capital entre os países e traria benefícios para o meio ambiente

Um estudo da Climate Bonds Initiative (CBI) revela que o estabelecimento de critérios para a produção rural sustentável no Brasil pode facilitar e ampliar ainda mais o comércio com a China, principal cliente do setor.

O estudo indica que os dois países poderiam colaborar em uma “taxonomia harmonizada” para a agricultura verde no futuro, possibilitando a comparação e o alinhamento dos critérios para concessão de finanças verdes.

Com isso, Brasil e China conseguiriam definir o que é “verde” dentro do setor, com regras claras, para facilitar o entendimento do público interessado e os fluxos financeiros. A taxonomia sustentável é um sistema de classificação que se baseia em um conjunto de critérios para delinear atividades econômicas e ativos que se alinham a objetivos ambientais e de sustentabilidade. Em mercados “harmonizados”, a medida pode agilizar o fluxo de capital entre fronteiras. Do contrário, pode haver confusão sobre as regras por empresas e investidores.

Potencial para o comércio e o meio ambiente

China, Agro

Foto: Envato

Segundo a CBI, a harmonização dos critérios para agricultura verde entre Brasil e China potencializaria os fluxos financeiros verdes entre os mercados e criaria um entendimento comum sobre os benefícios de comprar de cadeias sustentáveis.

O documento destaca que China e Brasil já tentam harmonizar esses critérios internamente, reconhecem os desafios comuns de degradação de terras, poluição e mudanças climáticas e compartilham prioridades políticas. O foco sino-brasileiro deve ser a descarbonização do uso do solo, a captura de carbono por florestas e agricultura, a rastreabilidade da produção e a conservação da biodiversidade.

A CBI aponta ainda que o desenvolvimento de infraestrutura “adaptativa às mudanças climáticas e amigável ao clima” deve ser incorporado como uma base crítica para uma produção agrícola eficiente e de alta qualidade.

Recomendações para a transição verde

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Foto: Envato

O documento faz sete recomendações práticas para a transição verde e o desenvolvimento sustentável bilateral. A primeira é estabelecer critérios para agricultura sustentável a partir da criação de um quadro colaborativo entre os bancos centrais de China e Brasil para práticas, investimentos e atividades de financiamento da produção. A CBI destaca também a necessidade de priorizar áreas-chave e intensificar inovação, pesquisa e desenvolvimento de tecnologias.

A entidade defende que sejam estabelecidos acordos bilaterais de comércio que apoiem investimentos e financiamentos à agricultura sustentável. E indica a oportunidade de direcionar fluxos de capital, como um fundo especial entre Brasil e China, para apoiar o setor e priorizar empréstimos “verdes”.

O relatório também sugere a redução dos custos de transação, com abordagens inovadoras para criar um ambiente financeiro mais propício aos aportes na sustentabilidade da produção do campo, e a criação de plataformas de parceria com instituições financeiras para incentivar a colaboração na identificação de projetos.

Compromisso com a agricultura sustentável

“O compromisso do Brasil com a agricultura sustentável fica evidente nas mais diversas iniciativas voltadas ao aumento da eficiência dos setores produtivos do agro. Juntamente com a China, estamos trilhando um caminho rumo a um cenário agrícola mais verde e sustentável”, destaca Sheila Alves, gerente do Programa de Agricultura na América Latina e Caribe da CBI, em nota.

Shaoxin Li, líder da Transição Agrícola na China da CBI, diz que o país asiático está na vanguarda das finanças climáticas e tem usado isso para apoiar a agricultura no enfrentamento das mudanças climáticas e promover a biodiversidade.