Soltinho e inflacionado: mercado e instabilidade climática geram alta no preço do arroz

O arroz, um queridinho dos brasileiros, está cada vez mais difícil de comprar.

Soltinho e inflacionado: mercado e instabilidade climática geram alta no preço do arroz


O arroz, um queridinho dos brasileiros, está cada vez mais difícil de comprar.
Além da procura maior por quem ficou em casa na pandemia, o dólar alto faz quem vende focar no mercado externo, sem contar a instabilidade climática que incomoda os produtores há pelo menos três anos.

O arroz está entre os cereais mais consumidos do mundo. O Brasil é o nono produtor mundial e colheu 11,75 milhões de toneladas em 2021, com grande destaque para a produção na região sul do país, especialmente no Rio Grande do sul e Santa Catarina. O Planeta Campo foi saber como está a região mais produtiva de arroz no país frente aos impactos climáticos.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o CEPEA, o preço da saca de 50 quilos de arroz subiu 109% no Rio Grande do Sul, entre março e setembro do ano passado. A razão são as próprias leis de mercado e a defasagem de preços. Um ano depois e com a relação mais harmonizada, o receio de um descompasso passou a ser outro: as consequências das mudanças climáticas.

O pesquisador da Embrapa Clima Temperado explica que a expectativa é que no futuro tenha uma interferência na questão da temperatura. “E aí, há vários aspectos a serem analisados. A temperatura mínima em um nível mundial está aumentando. As noites tem sido mais quentes. Até pouco tempo atrás tínhamos problemas devido ao frio. A ocorrência de frio na fase crítica do arroz, que seria a fase pré-floração ou floração, cria um problema sério e nos últimos anos, com o aquecimento global, as temperaturas mínimas estão aumentando”, disse. “Com isso, um problema sério que tínhamos no passado está sendo minimizado. O outro aspecto que pode ser negativo são as questões das temperaturas máximas. Em algumas situações, se a temperatura máxima do dia ultrapassar em torno de 34 ou 35 graus Celsius, também pode acarretar problemas. E, em uma terceira situação é se continuar ocorrendo um aumento da temperatura média do ar e as plantas vão tender a ter um ciclo mais curto”, disse.

E, de acordo com o produtor Carlos Alberto Iribarrem, de Capão do Leão, no estado do Rio Grande do Sul, o ideal é terminar o plantio do arroz até 15 de Outubro. “Mas este ano vamos avançar neste período um pouquinho mais. Mas estamos com tudo preparado. Na hora que o tempo der a condição ideal, vamos ‘entrar’ e vamos conseguir”, disse.