Bebedouro autolimpante promete melhorar o bem-estar do gado

Tecnologia também contribui para a saúde dos animais e aumenta a produtividade do rebanho

O bem-estar animal passa por diversos cuidados, entre os quais está a ingestão adequada de água em quantidade e qualidade. E uma inovação promete ajudar os pecuaristas nessa missão de oferecer água sempre limpa e em quantidade adequada aos animais. É o bebedouro autolimpante.

Um bovino de corte chega a beber até 50 litros de água por dia, já a vaca de leite pode beber até 120 litros de água diariamente. E um dos principais fatores que influenciam a quantidade ingerida pelos animais é a qualidade da água.

“Um animal que está com um bom grau de bem estar, ele tende a ter uma melhor qualidade de vida e isso tem implicações diretas nas suas respostas fisiológicas e também na sua produção”, explica Lívia Magalhães, zootecnista especialista em bem-estar animal na Fazu.

Bebedouro autolimpante

Bebedouro Autolimpante | Planeta Campo

Os bebedouros autolimpantes possuem um design e uma tecnologia para literalmente se limparem sozinhos.

Com um sistema de enchimento e drenagem automática da água acionado pelo próprio animal, a tecnologia evita o desenvolvimento de bactérias e ainda promove o uso racional da água

Maciel Tavares, CEO da AquaBoi, explica como o equipamento funciona. “O processo de autolimpeza que vem dentro de um bebedouro desses é que com um simples toque do animal o bebedouro enche de água. Então isso traz uma facilidade para que ele limpe essa água e depois o processo de drenagem vai ser dimensionado ou administrado de acordo com a necessidade. Se ele quiser que drene mais rápido ele drena. Então, de uma forma geral, o bebedouro tem um enchimento e a drenagem automática”.

Outro ponto positivo do bebedouro é o formato, que evita o desperdício de água e a proliferação de bactérias. “A principal diferença é o conceito construtivo. Se nós pegarmos um bebedouro com o modelo de reservatório [o espaço é muito grande]. O animal precisa de, no máximo, um recipiente de 30 cm de diâmetro e, no máximo, 10 cm de profundidade para que ele consuma essa água [por completo]. Então a pergunta que vem é que, num reservatório grande, para que serve o restante da água?”, questiona Maciel.

Tavares explica que, “considerando que quando o animal bebe a água a boia baixa e novamente alimenta, então o gado nunca consome aquela água de baixo [dos reservatórios tradicionais], aumentando em larga escala os riscos de contaminação para essa água”.

As diferenças no design do bebedouro autolimpante permite a economia da água e diminui consideravelmente os riscos de contaminação.

Consumo de água e desempenho produtivo

Além de contribuir com a qualidade de vida dos bovinos, a ingestão de água limpa também melhora a produtividade.

“Uma bebida de qualidade faz com que esse animal tenha um desempenho de 100 até 270 gramas por dia a mais. E isso, no final do ano, vai representar mais de três arrobas para o pecuarista”, analisa Arthur Alves Silva, zootecnista especialista em nutrição animal.

Frequência de higienização

Para os pecuaristas que trabalham com bebedouros e cochos tradicionais, para garantir que os animais tenham acesso à agua de qualidade, é necessário manter uma rotina de higienização desses locais.

“É necessário que se tenha processos de limpezas de bebedouro, criar protocolos dentro da fazenda para que esse bebedouro seja uma vez na semana esvaziado, lavado, toda matéria orgânica ali presente seja retirada”, ensina Arthur no caso dos animais criados à pasto.

Já com relação aos sistemas de confinamento, a orientação é lavar os cochos de água a cada dois dias.

Capacitação dos colaboradores

Para que a água de qualidade e a higienização constante dos bebedouros se tornem uma prática da fazenda, é necessário que a equipe de colaboradores entenda a importância desse processo.

“Essa mudança de atitude em relação a melhorar a qualidade da água, ela depende de uma mudança de hábito dos trabalhadores da fazenda. O primeiro ponto do produtor que busca melhorar a qualidade da água, depois que ele fez o investimento em bebedouros, por exemplo, ou buscou uma água de melhor qualidade, é o momento de capacitar a sua equipe para olhar para essa problemática. Muita vezes os tratadores passam pelos bebedouros e não se dão conta que a qualidade da água daquele piquete, por exemplo, está a desejar”, sinaliza Lívia.

Além disso, os colaboradores precisam ser treinados para realizar esse trabalho. “Outro ponto que é uma peça fundamental, que mantém uma água de boa qualidade em qualquer sistema produtivo é a operação dos trabalhadores, então eles precisam ser treinados a como fazer esse monitoramento e também a como realizar uma higienização eficiente do bebedouro para que a água esteja sempre disponível, da melhor qualidade possível”, ressalta a especialista em bem-estar animal.