Bioinsumos podem quase zerar necessidade de fósforo

Tecnologia é capaz de liberar o estoque de nutrientes que já existe no solo para a planta

Bioinsumos podem quase zerar necessidade de fósforo

Os bioinsumos não substituem os fertilizantes químicos, mas no momento atual, em que grande parte das lavouras brasileiras vem sendo bem adubadas há anos, eles são capazes de acessar o estoque de nutrientes que já existe no solo e disponibilizá-lo para as plantas. Deste modo, é possível quase zerar necessidade de fósforo, por exemplo.

É o que o engenheiro agrônomo consultor da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII), Solon Araújo, explicou em entrevista ao programa Planeta Campo. “Em um ano como esse que nós estamos hoje, nós teríamos condições de quase zerar a necessidade de fósforo na maioria dos solos, não em todos, obviamente. Mas daqui a dois ou três anos nós teríamos que repor fósforo novamente. (…) Nós temos que ter o nutriente no solo, aí nós colocamos a bactéria e ela vai disponibilizar esse fósforo para a planta”, explicou.

O engenheiro agrônomo também explicou como os bioinsumos atuam. “Nós temos toneladas de fósforo nos nossos solos. [São] 20, 30, 40 anos jogando fósforo lá, anualmente. É uma quantidade muito grande e uma pequena parte é absorvida pela planta. A outra parte fica retida no solo, fica presa nas partículas do solo e não é aproveitada diretamente pela planta. Aí, nesse caso, entra o inoculante, o biofertilizante para o fósforo. Esse microrganismo tira, vamos dizer assim, solta os fósforos daquela partícula e coloca à disposição da planta”.

Solon também esclareceu que os bioinsumos não substituem os químicos, mas sim otimizam o aproveitamento dos nutrientes. “O micro-organismo, os bioinsumos, os biofertilizantes, eles não vão substituir os químicos, porque uma bactéria ou um fungo não tem condição de criar um átomo de nitrogênio, ele não tem condições de criar um átomo de fósforo, um átomo de potássio. O que esses micro-organismos fazem é utilizar o que tem no solo ou aquilo que a gente coloca no solo, de modo a que eles tenham um melhor aproveitamento. Então eles serão sempre um auxiliar, desde que nós tenhamos aquele nutriente no solo”.

Com o nitrogênio, o cenário é ainda mais favorável. “No caso do nitrogênio, no caso da soja, por exemplo, é melhor ainda porque o nitrogênio está no ar. Ele não precisa estar no solo e essas bactérias captam o nitrogênio do ar e o transformam em uma forma aproveitável pela planta. Então hoje, por exemplo, na lavoura de soja pode se usar zero de fertilizante químico, então não precisa uréia, não precisa de sulfato de amônia, nada disso. Esse sim, esse você consegue tocar uma lavoura para 5, 6 mil quilos por hectare, tendo somente o inoculante, somente o biofertilizante como nitrogênio”, afirma Araújo.

Sendo assim, no momento atual o ideal seria que os agricultores que já utilizam NPK (nitrogênio, potássio e fósforo) há algum tempo passassem a utilizar os biofertilizantes nas próximas safras. Assim, teoricamente, sobrariam produtos para as lavouras que realmente necessitam de nutrientes no solo. “Seria uma agricultura colaborativa, seria extremamente salutar se pudéssemos fazer [isso], porque com uma análise de solo isso aí é muito fácil de medir”, concluiu Solon Araújo.

Confira o programa Planeta Campo com a participação de Solon Araújo: