Brasil lança a primeira bolsa de crédito de carbono do mundo

O lançamento da B4 marca um passo histórico na redução de emissões de CO2, com uma bolsa de créditos de carbono baseada em tecnologia Blockchain, oferecendo rastreabilidade e confiabilidade para impulsionar investimentos em ações ambientais

Nesta quarta-feira (16) foi lançada a primeira bolsa de créditos de carbono do mundo, a B4. A plataforma inovadora baseada em tecnologia Blockchain combate a duplicidade de créditos e impulsiona investimentos em ações ambientais.

O evento de lançamento, ocorrido em São Paulo, marca um marco significativo no esforço global para reduzir as emissões de CO2, oferecendo uma solução transparente e confiável para a negociação de ativos digitais lastreados em carbono positivo.

Crédito de carbono com tecnologia blockchain 

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Foto: Envato

A B4 é pioneira ao adotar a tecnologia Blockchain como base para sua infraestrutura. A utilização do Blockchain proporciona vantagens em termos de segurança, rastreabilidade, transparência e confiabilidade das transações.

Por meio dessa abordagem, a bolsa resolve um dos maiores desafios do mercado de créditos de carbono: a duplicidade de créditos.

Desafio da Duplicidade de Créditos

Um problema recorrente no mercado de créditos de carbono é a emissão ou negociação de um mesmo crédito mais de uma vez, resultando em usos indevidos de ativos já debitados.

Isso prejudica a credibilidade das empresas envolvidas e mina a confiança dos investidores. A tecnologia Blockchain, ao possibilitar rastreabilidade e registro transparente, elimina esse risco, garantindo a autenticidade e singularidade de cada crédito.

Contribuição para Investimentos ESG

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Photo: Envato

O lançamento da B4 ocorre em um contexto global de crescente foco em investimentos ESG (ambientais, sociais e de governança corporativa). De acordo com o relatório ESG Radar 2023 da Infosys, empresas devem investir cerca de US$53 trilhões até 2025 em iniciativas ESG.

A tecnologia utilizada pela B4, ao assegurar a confiabilidade das transações climáticas, torna-se um pilar fundamental para a construção da confiança necessária para atrair investimentos significativos nesse campo.

Transparência para o Futuro Climático

A B4 não apenas combate a duplicidade de créditos, mas também pavimenta o caminho para um futuro climático mais transparente e responsável.

Ao oferecer um sistema imutável e distribuído para o registro de informações, a tecnologia Blockchain cria uma base sólida para a construção da confiança necessária entre todas as partes envolvidas nas negociações climáticas.

O que são e como funcionam os créditos e mercado de carbono?

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Foto: Pixabay

O mercado de carbono surgiu a partir da criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC, em inglês), durante a ECO-92, no Rio de Janeiro.

Em 1997, durante uma de suas mais importantes reuniões em Quioto, Japão, foi decidido que os países signatários deveriam assumir compromissos mais rígidos para a redução das emissões de gases que agravam o efeito estufa, ficando conhecido como Protocolo de Quioto.

Este protocolo, para entrar em vigor, deveria reunir 55% dos países que representassem 55% das emissões globais de gases de efeito estufa, o que só aconteceu depois que a Rússia o ratificou, em novembro de 2004.

Assim, o objetivo central do Protocolo de Quioto passa a ser que os países limitem ou reduzam suas emissões de gases de efeito estufa. Por isso, a redução das emissões passam a ter valor econômico.

Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. A redução da emissão de outros gases, igualmente geradores do efeito estufa, também pode ser convertida em créditos de carbono, utilizando-se o conceito de carbono equivalente.

Para ajudar os países a alcançar suas metas de emissões e para encorajar o setor privado e os países em desenvolvimento a contribuir nos esforços de redução das emissões, os negociadores do protocolo incluíram três mecanismos de mercado, além das ações de caráter nacional ou esforços de redução individuais:

Comércio de emissões

Países do Anexo I (basicamente os desenvolvidos) que tiverem limites de emissões sobrando (emissões permitidas, mas não usadas) podem vender esse excesso para outras nações do Anexo I que estão emitindo acima dos limites.

Uma das principais corretoras para o comércio de emissões é a European Climate Exchange.

Implementação conjunta

Mecanismo em que os países do Anexo I podem agir em conjunto para atingir suas metas. Assim, se um país não vai conseguir reduzir suficientemente suas emissões, mas o outro vai, eles podem firmar um acordo para se ajudar.

O mecanismo de implementação conjunta permite de maneira flexível e com eficiência em custo que um país possa atingir suas metas de redução, enquanto o país hospedeiro se beneficia de investimentos estrangeiros e transferência de tecnologia.

Um projeto desta natureza deve fornecer uma redução de emissões por fonte, ou um aumento das remoções por sumidouros, que seja adicional ao que ocorreria se nada fosse feito.