Cobertura do solo diminui a ocorrência de plantas espontâneas em cultivos consorciados

Uma equipe da Embrapa Meio Ambiente, Centro Universitário Adventista de São Paulo – Unasp, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Esalq e Universidade Federal de São Carlos  – UFSCar constatou, em experimento realizado no Sítio Agroecológico da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna, SP, que o uso da cobertura do solo reduz o número […]

Cobertura do solo diminui a ocorrência de plantas espontâneas em cultivos consorciados

Uma equipe da Embrapa Meio Ambiente, Centro Universitário Adventista de São Paulo – Unasp, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Esalq e Universidade Federal de São Carlos  – UFSCar constatou, em experimento realizado no Sítio Agroecológico da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna, SP, que o uso da cobertura do solo reduz o número de plantas espontâneas em canteiros consorciados de hortaliças, tanto em agroflorestas como a pleno sol, provavelmente por se constituir em uma barreira física que para a emergência destas plantas.

A redução dos custos de mão de obra nos Sistemas Agroflorestais (SAFs) é uma questão crucial para a sua viabilidade econômica e em cultivos de hortaliças, as atividades manuais e o controle de plantas espontâneas são as que mais demandam tempo.

A utilização de cobertura morta sobre canteiros consorciados de hortaliças reduz consideravelmente a mão de obra empregada no controle de plantas espontâneas em SAFs e a pleno sol. “Constatamos que essa é uma alternativa de baixo custo, eficiente no controle de plantas espontâneas e na otimização do uso da mão de obra pelos agricultores”, explica o analista Waldemore Moriconi, da Embrapa Meio Ambiente, coordenador do estudo.

Foram utilizados resíduos triturados de podas de árvores e grama de áreas urbanas, com 2 tratamentos (com e sem cobertura do solo), onde os canteiros sem cobertura dentro do SAF apresentaram menor número de plantas espontâneas quando comparados com os canteiros sem cobertura a pleno sol. O tempo gasto no controle de plantas espontâneas foi menor nos tratamentos com cobertura de solo.

De acordo com o analista, a cobertura morta é uma prática cultural pela qual se aplica, sobre a superfície do solo, uma camada de material orgânico, sem que esta cobertura seja incorporada ao solo. Por meio dela procura-se influenciar positivamente as qualidades físicas, químicas e biológicas do solo, criando condições ótimas para o crescimento radicular.

Além de reter a umidade do solo, ao reduzir perdas excessivas de água por evaporação, o uso da cobertura diminui o impacto das chuvas sobre o solo e seus processos erosivos, evita variações bruscas de temperatura do solo, reduz gastos de mão-de-obra nas capinas, além de enriquecer o solo com nutrientes após a decomposição do material orgânico, permitindo melhorar o desempenho das culturas.

Histórico

Foram realizadas pesquisas a partir do monitoramento e da avaliação econômica de SAFs e registrou-se, ao longo de um ciclo agrícola, os tempos de mão de obra empregado por um agricultor agroecológico do Assentamento Sepé Tiaraju, SP, com as diferentes operações de manejo de culturas anuais. Foi constatado que a operação que mais demandou mão de obra foi a capina manual com 66% do tempo total gasto, evidenciando os elevados gastos de mão de obra para a operação de controle de plantas espontâneas.

Considerando a adoção crescente de SAFs por agricultores em diferentes regiões dos pais e a baixa disponibilidade de mão de obra na maioria das propriedades rurais, se faz necessária a realização de pesquisas que detalhem melhor o efeito da adoção de práticas alternativas mais sustentáveis, de baixo custo e que otimizem o tempo de mão de obra no controle de plantas espontâneas em nestes sistemas de produção.

No experimento, em Jaguariúna, todas as parcelas apresentaram a mesma composição de espécies e espaçamentos, sendo as culturas utilizadas a cenoura, cultivar Brasília; salsa, cultivar Graúda Portuguesa; e cebolinha, cultivar Cristóbal. A escolha destas espécies se baseou em consórcios de hortaliças adotados por agricultores familiares e os espaçamentos que são frequentemente por eles utilizados.

As plantas espontâneas identificadas nas áreas de cultivos de hortaliças foram: trapoeraba, beldroega, capim colchão, capim pé de galinha, batata doce, corda de viola, capim brachiária, picão preto, maria pretinha, guanxuma, erva de santa luzia, falsa serralha. A diversidade de espécies espontâneas foi maior nas parcelas com solo sem cobertura quando comparado com solos cobertos.

Evidenciou-se que o uso de cobertura morta nos canteiros consorciados de hortaliças reduziu o número de plantas espontâneas, Os autores constataram que o número de plantas espontâneas em todos os tipos de cobertura foi inferior ao número de plantas existentes na testemunha sem cobertura.

Ao comparar a ocorrência do número de plantas espontâneas nos tratamentos sem cobertura do solo nos dois sistemas de cultivos, constatou-se que no SAF o número de plantas foi consideravelmente menor que o encontrado a pleno sol.

O número de plantas espontâneas dos dois tipos de cultivos, dentro e fora do SAF, não apresentaram diferenças tão expressivas como as observadas no tratamento sem cobertura. E houve também uma correlação positiva entre o número de plantas e a massa seca das plantas nas parcelas, além de que nas parcelas sem cobertura do solo, os valores de massa seca dentro do SAF foram inferiores aos obtidos fora do SAF.

Os autores do trabalho, publicados no Anais do XII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais, são Waldemore Moriconi, Joel Queiroga, Luiz Octávio Ramos Filho, da Embrapa Meio Ambiente, Edson Ferreira Passos, da Unasp, Laila de Oliveira, da Esalq e Eduardo Alves Bueno, da UFSCar.

Com informações da Embrapa.