Cooperativa e Agroindústria mudam a realidade de comunidades ribeirinhas do Rio Amazonas

No total, são 3494 hectares de terra destinada à produção da fruta, com produtividade por hectare que chega a 9.000 kg.

Cooperativa e Agroindústria mudam a realidade de comunidades ribeirinhas do Rio Amazonas

“Eu fui nascido e criado aqui. Meus pais também foram nascidos e criados aqui na região do Bailique, mais especificamente na comunidade do Arraiol. Quando eu era pequeno, a prática do açaí era específica do palmito. Você trabalhava o açaizal com o objetivo de derrubar a árvore para tirar o palmito. quinze anos depois, o açaí surgiu como fonte de renda. Em 2015, quando pensamos na Cooperativa, queríamos trabalhar a questão produtiva ”. Esse é o relato de vida  do produtor de açaí José Cordeiro dos Santos, morador do Arquipélago de Bailique, um conjunto de ilhas distante 185 km da capital Amapá, Macapá.

Conhecido como ouro negro da Amazônia, o açaí é o fruto de uma palmeira que pode chegar a 25 metros de altura. Com cor escura, que vai do roxo ao preto e estrutura arredondada, nasce em cachos e, na maioria das vezes, em locais com solos mais úmidos ou alagados como as várzeas e o igapó. Para unir forças na produção do açaí, as comunidades da região do Arquipélago criaram há 5 anos a cooperativa Amazonbai, união de duas palavras: “Amazon” vem de Amazônia e “bai” de Bailique, nome do arquipélago.

O presidente da Cooperativa Amazonbai, Amiraldo Picanço, explica que o açaí, para ser sustentável, precisa seguir orientações de boas práticas e que as exigências muda a forma como o produtor encara o negócio. “A primeira percepção que o produtor muda é um processo de conscientização ambiental, né? A conscientização de conservação da nossa biodiversidade. Essa percepção é muito nítida dentro do ambiente onde a gente trabalha. Os produtores têm ciência de manter a nossa floresta em pé e fazer o manejo de uma forma sustentável”, comentou.

Para desenvolver a produção da Amzonbai, O apoio do Fundo JBS pela Amazônia à Cooperativa se mostra essencial. Além do investimento financeiro para estruturação, também pelas diversas práticas sustentáveis da cooperativa, que possui o único açaizal certificado pela Forest Stewardship Council (FSC®), o selo verde mais reconhecido no mundo e que oferece anuência em boas práticas para instituições em mais de 75 países e em todos os continentes. “Essa certificação é um grande reconhecimento, já que o nosso açaí é cultivado da forma mais natural possível, sem o uso de agrotóxicos, máquinas e fertilizantes, além de ser manejado apenas pelos produtores”, reconhece Picanço.

Atualmente a Amazonbai conta com 128 produtores, sendo 85 no bailique e 43 de outro arquipélago da região, o Beira Amazonas. No total, são 3494 hectares de terra destinada à produção da fruta, com produtividade por hectare que chega a 9.000 kg.

“Nesse pilar da Cooperativa, os produtores montaram uma agroindústria que faz o processamento de todo o produto e tenta vender no mercado por um preço melhor do que oferecido pelos atravessadores”, detalhou Andrea Azevedo, diretora do Fundo JBS pela Amazônia. A Amazonbai atualmente é composta por 132 cooperados que atuam dentro do conceito de produção ambientalmente sustentável, respeitando a preservação do bioma nativo. Esse manejo, que é cuidadosamente realizado pelos próprios produtores, resulta em uma polpa de açaí mais pura, que atende aos melhores padrões de qualidade e de concentração do mercado. Agora, com a fábrica de açaí recém inaugurada, os cooperados poderão chegar a uma nova e mais rentável fatia do mercado, com a comercialização diretamente da polpa, acessando indústrias, varejistas e chegando até a vendas diretas para o consumidor final.

“Oportunidades como essas, que ajudam a transformar verdadeiramente a vida de pequenos produtores da região amazônica, são justamente o que buscamos no Fundo. Nosso papel é oferecer condições para o crescimento sustentável e o desenvolvimento socioeconômico da região. Por isso, estamos muito satisfeitos pela conquista da Amazonbai”, destaca Joanita Maestri Karoleski, presidente do Fundo JBS pela Amazônia.

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