Estiagem prolongada prejudica a produção de leite em São Paulo

A bovinocultura de leite é praticada em todo o território nacional em mais de um milhão de propriedades rurais, fazendo com que o país esteja entre os 5 maiores produtores de leite do mundo. Desta maneira destaca-se a importância da atividade leiteira observando não só a relevante participação no PIB, como também no social, onde […]

Estiagem prolongada prejudica a produção de leite em São Paulo

A bovinocultura de leite é praticada em todo o território nacional em mais de um milhão de propriedades rurais, fazendo com que o país esteja entre os 5 maiores produtores de leite do mundo. Desta maneira destaca-se a importância da atividade leiteira observando não só a relevante participação no PIB, como também no social, onde representa uma fonte de renda mensal, principalmente para pequenos produtores, contribuindo significativamente para permanência do homem no campo.

Porém, a forte estiagem verificada nos últimos meses tem afetado a produção de leite no interior de São Paulo. O sítio do produtor João Bragado, em Mogi Mirim, conta com 150 cabeças da raça Jersey. Da propriedade saem mil litros de leite por dia. A alimentação do rebanho é feita internamente. “No nosso caso aqui, a gente produz, em lote, toda a suplementação. Ficou muito difícil, porque devido à estiagem, nós tivemos uma perda na safra de verão que é a safra prioritária de 30% à 35%, sendo que na safrinha, a perda foi total”, explica o produtor. “Principalmente nós aqui, no estado de São Paulo, na nossa região, que ficou muito difícil. Está faltando muita chuva. E a tendência não é de melhora tão cedo”, alertou Bragado.

O produtor conta que já teve viu colegas que acabaram desistindo da produção porque não teve mais como comprar alimentação do gado. “Eu acho que desistir quase 50% dos produtores aqui da minha região. E os outros que sobraram, estão passando por uma fase muito dura. A tendência para o futuro é quase não conseguir trabalhar mesmo. Não tem como”, afirmou o produtor.

A pista de trato em ventiladores com umidificação ajuda o animal a encontrar um pouco mais de conforto térmico enquanto se alimenta. Produtores menores muitas vezes não conseguem fazer esse tipo de investimento e quanto a temperatura aumenta, a produtividade pode ser comprometida. Essa situação está fazendo com que muitos pecuaristas desistam de produzir leite.

Segundo Sérgio Soriano, gestor da fazenda e médico veterinário explica que o estresse térmico nada mais é do que quando a condição climática está desfavorável pra que a vaca esteja na sua zona de conforto e, para isso, ela gasta muita energia aumentando o movimento respiratório. Assim, fica muito tempo em pé para dissipar calor, não se alimenta bem, acaba aumentando o consumo de água e cai a sua performance reprodutiva. “Então todas as vezes que ela é estressada por um calor ou umidade intensos ela tem dificuldade para obter uma boa produtividade tanto na parte de produzir leite, quanto na parte de reprodução”, disse.

Patrícia Caporalli, médica veterinária, acompanha de perto a produção leiteira de vários produtores da região. “O clima tem demonstrado uma seca muito agressiva, aqui na região sudeste de São Paulo. E isso está dificultando para os produtores. Então quem fez silo, tem alimento. Quem não tem está passando um pouco ‘apertado’. Isso tem se refletido, sim, no laticínio”, afirmou.

Saiba mais sobre a produção de leite

O leite é um dos mais básicos da alimentação humana. Além de acessível a boa parte da população mundial, é altamente nutritivo, pois é rico em proteínas, cálcio, fósforo, sódio, potássio e vitaminas. Além disso, em sua versão integral, também é rico em vitaminas A e D.

O leite também tem grande importância econômica para o Brasil. O país é o terceiro maior produtor do mundo e alcança padrões maiores do que a Nova Zelândia, país cuja produção ultrapassa 4 mil litros por vaca. São mais de 350 municípios brasileiros que apresentam uma produtividade superior a 6 mil litros por vaca.

Em 1961 o Brasil produzia pouco mais de cinco bilhões de leite . Em 2019 foram 35,1 bilhões de litros, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. O leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes da agropecuária brasileira, ficando à frente de produtos tradicionais como café beneficiado e arroz.

Ao se mensurar a força do setor leiteiro na geração de empregos no Brasil, os números são ainda mais impressionantes. Mais de um milhão de propriedades rurais no país exploram o leite. A geração direta de empregos (setor produtivo) supera a casa dos quatro milhões, fora outros elos da cadeia leiteira como logística, insumos, comércio, pesquisa, etc. Tal impacto supera setores tradicionais e importantes para a economia nacional, como a construção civil e as indústrias automobilística e têxtil.

Assista ao vídeo: