Estresse hídrico e seca ‘azedam’ a produção de laranja no cinturão citrícola do Brasil

A união de dois fatores climáticos, a falta de chuvas significativas e altas temperaturas, fez com que a safra de laranja 2020/2021 no cinturão citrícola que envolve São Paulo e o Triângulo Mineiro sofresse a maior quebra histórica, com produção 30% inferior à da safra passada. Esta região responde por 75% a 80% da produção […]

Estresse hídrico e seca ‘azedam’ a produção de laranja no cinturão citrícola do Brasil

A união de dois fatores climáticos, a falta de chuvas significativas e altas temperaturas, fez com que a safra de laranja 2020/2021 no cinturão citrícola que envolve São Paulo e o Triângulo Mineiro sofresse a maior quebra histórica, com produção 30% inferior à da safra passada. Esta região responde por 75% a 80% da produção nacional.

Segundo o Fundo de Defesa da Citricultura, a Fundecitrus, 1 milhão de árvores morreram devido ao estresse hídrico.

A Safra 20/21 alcançou 268 milhões de caixas de 40,8 quilos. O volume é 6,65% menor que o previsto, antes de o clima atrapalhar os pomares das 12 regiões monitoradas pela Fundecitrus. Algumas regiões ficaram até 145 dias consecutivos sem o registro de chuvas significativas e também sofreram com ondas extremas de calor.

O produtor rural sabe que a florada é um momento especial porque é a partir dele que nasce seu sustento. Mas e se esse início estiver comprometido pela seca e pela falta de água? E se os frutos crescerem menos do que o necessário? Esse é o desafio enfrentado pelos citricultores de Limeira, visitados pela reportagem do Planeta Campo.
A previsão do tempo é desanimadora, mas a ansiedade do produtor rural o faz olhar para o céu todos os dias e nem sinal de chuva.

O produtor Lino Boschiero, conta que nunca viu uma temporada tão seca como essa no cinturão citrícola de São Paulo. “O clima tem influenciado de forma muito negativa a produção de citros aqui em Limeira. Nossa propriedade está com citros instalado desde 1970. A dédada de 80 foi bem mais chuvosa e muito boa para a citricultura. A década de 90 e o início dos anos 2000 foram normais, mas desde 2014 tem sido muito negativo. Os índices pluviométricos tem sido sempre muito abaixo do ideal, o que tem significado uma perda muito grande na produtividade. Os frutos tem ficado muito menores do que o padrão normal. Então, em uma mesma caixa temos que colocar o dobro de frutas para o mesmo volume”, destacou. “Em virturde dessa situação, a alternativa é a irrigação. Só que ela demanda um capital muito significativo para instalação em uma área muito grande e, além disso tem faltado o principal: a água. Aqui em Limeira nós não temos água o suficiente em nossos mananciais. Uma alternativa foi a implantação de ‘cavalos’ de limão e com a inclusão da matéria orgânica. Não resolve, mas ajuda”, explicou.

A situação nas lavouras é o reflexo da mudanças climáticas e os produtores estão buscando alternativas para vencer os obstáculos. Segundo Vinicius Trombin, pesquisador da Fundecitrus, a expectativa agora é de uma colheita de um um pouco mais de 267 milhões de caixas, apesar de estarmos em um ciclo bianual positivo. “O motivo que levou a essa redução é a combinação de uma longa estiagem que jamais havia sido vivenciado pela citricultura e de sucessivas geadas que ocorreram em julho. Com isso, os frutos estão chegando no ponto de colheita com tamanho extremamente pequeno, 15% menor que a média das últimas cinco safras e a queda da taxa de frutos prematuros prejudicada em aproximadamente 21%, uma das maiores da história”, destacou.

Para Antônio Carlos Simonetti, presidente da Associação Brasileira dos Citros de Mesa, a ABCM, a citricultura vem passando por um momento difícil mas a cada ano se aprimora e se aperfeiçoa, com a adoção de parcerias. “Estamos trabalhando muito para que a citricultura passe por essa fase, nesse difícil cenário. É muito preocupante, pois para a próxima safra vemos as plantas já bem debilitadas, sensíveis e sem raiz, com as plantas bem ‘sentidas'”, apontou.