Geada e seca derrubam a safra do café em 25,7%

Produtores já estimam perdas nas próximas safras. A geada e a seca estão tirando o sono dos produtores de café no Brasil. O país deverá produzir aproximadamente 46,9 milhões de sacas de café beneficiado, de acordo com o 3o Levantamento da Safra 2021 do produto, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O número representa […]

Geada e seca derrubam a safra do café em 25,7%

Produtores já estimam perdas nas próximas safras.

A geada e a seca estão tirando o sono dos produtores de café no Brasil. O país deverá produzir aproximadamente 46,9 milhões de sacas de café beneficiado, de acordo com o 3o Levantamento da Safra 2021 do produto, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O número representa uma diminuição de 25,7% em relação ao resultado da safra de 2020.

Em uma fazenda em Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo, é visível o estrago. Mas nem tudo está perdido. Os brotos encontrados pela reportagem do Planeta Campo representam esperança, tecnologia e sustentabilidade.

A equação no mercado é muito simples. Se há oferta abundante do produto, o preço cai. Se há escassez, o preço sobe. Com essa matemática, o nosso tão querido cafezinho pode ficar mais caro.

Na lavoura, percebemos as marcas da geada. Os meses de julho e agosto foram muito desafiadores para quem produz café, principalmente após um ano de seca prolongada.

O produtor Lucas Turati, já estima uma quebra da última safra em cerca de 25% devido à seca no período da florada. “Estamos ainda prevendo uma quebra de 50% devido à geada, que atingiu 50% de nossa lavoura, em nosso parque cafeeiro. A seca ainda pode prejudicar mais. Estamos dependendo da chuva para garantir a próxima safra”, explicou. “A gente vem trabalhando nas áreas não mecanizadas, em consórcio com outras culturas no meio da plantação de café. Já na lavoura onde é mecanizada, a gente tenta minimizar os gastos com herbicidas, por exemplo, trabalhando com braquiária para absorção de nutrientes e água no solo, assim, a planta resiste mais à seca”, contou.

Segundo André Dominghetti Pereira, pesquisador da Embrapa Café, a seca que teve início em 2020 e que tem se extendido ao longo de 2021 já vai proporcionar uma queda na produção na safra que será colhida em 2022. “E junto à questão de seca agora nos meses de julho e agosto deste ano tivemos ocorrência de geadas em algumas regiões cafeeiras”, explicou.

Ainda segundo o pesquisador, a Embrapa já tem trabalhado nas questões das mudanças climáticas e no desenvolvimento dos sistemas de manejo da lavoura de café, por meio de manejo de cobertura nas entrelinhas. “Esse manejo proporciona uma maior condição para as plantas de café aproveitarem as águas que estão no solo, que seja por meio de coberturas de solo, um modo geral ou pelo incremento da matéria orgânica”, explicou. “Uma outra linha de pesquisa aponta para o melhoramento genético trabalhado por pesquisadores que visam a obtenção de cultivares que possuem uma maior capacidade de conviver com períodos de menor disponibilidade hídrica no solo. Essas dificuldades promovem o avanço destas tecnologias para o cafeicultor”, disse.

De acordo com Paula Velho, economista, a seca e a geada afetaram principalmente os estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais, grandes regiões produtoras de café tipo arábica, o mais caro e o mais importante na comercialização nacional e internacional. “Além disso, a geada afeta a produção desse ano e até a produção de até dois anos subsequentes porque afeta o pé. Alguns pés mais novos não se recuperaram e terão que ser cortados ou replantados, e outros perderam as folhas e para se reproduzir, podem levar até dois anos”, disse. “Estamos esperando uma floração para setembro e outubro e a floração depende dos índices pluviométricos. Se a chuva não vier consideravelmente nestes meses é provável que tenhamos mais uma quebra na produção”, apontou.
A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) já sinalizou os impactos no preço pago pelo consumidor final. A estimativa é que o preço do café sofra um aumento de 35% a 40% nas prateleiras dos supermercados até o final do ano.

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