Intensificação da produção transforma fazenda degradada em produtiva no MT

A fazenda Água Viva, no município de Cocalinho (MT) foi adquirida pelo grupo liderado por Caio Penido, em 2011, ela estava como tantas outras da região, com suas pastagens degradadas

Quando a fazenda Água Viva, no município de Cocalinho (MT) foi adquirida pelo grupo liderado por Caio Penido, em 2011, ela estava como tantas outras da região, com suas pastagens degradadas. Recuperá-la e torná-la produtiva foi o primeiro desafio.

“Era uma fazenda que estava toda degradada. Tinha potencial de mostrar para a região como era possível pegar uma fazenda degradada e torná-la produtiva. Foi um experimento para a Liga do Araguaia. Ali que a gente aplicou as boas práticas. A gente foi mostrando o que era possível fazer para produzir mais, melhorando o balanço de carbono, promovendo a regularização ambiental. Um case nosso, mas uma fazenda que é um exemplo interessante para replicar”, relembra Caio Penido em entrevista concedida ao Canal Rural.

Mudanças na fazenda

Para chegar a ser um bom exemplo, foi necessário muito trabalho e uma transformação gradual.

De acordo com o diretor executivo do Grupo SOU, Eduardo Pereira, os dez primeiros anos foram dedicados a obter melhoria nas pastagens para intensificar a produção.

“Foi feito o investimento em divisão dos pastos, depois também investindo em oferta de água e em bebedouro para os animais. Por último, foi feito uma melhoria na genética dos animais e na suplementação estratégica”, explica o diretor.

A partir de 2020 foi iniciada uma nova etapa com a introdução gradual da integração lavoura-pecuária em áreas agricultáveis da fazenda. Inicialmente a ILPF está sendo feita em 400 hectares, com possibilidade de chegar a 900 hectares nos próximos anos. O sistema é feito com soja cultivada no verão e pastagem semeada após a colheita, onde entra o boi safrinha. Todo o grão tem sido comercializado.

“A ILP Muda a dinâmica da fazenda. Temos praticamente o ano todo com sistema produtivo intensivo. A gente começa a trazer, querendo ou não, esse componente que aumenta o faturamento da fazenda e com isso consigo diluir outros custos fixos que eu tenho na fazenda. São vários benefícios. A questão do carbono no solo que começa a melhorar, a questão do ganho de peso dos animais que começa a melhorar o desempenho no período da seca. São vários resultados que a gente acaba tendo com o uso dela”, afirma Eduardo Pereira.

Fazenda, Água Viva

Foto: ILPF

Quando o grupo assumiu a fazenda Água Viva a taxa de lotação era de 0,35 ua/ha. Hoje a lotação já triplicou, com 1,03 ua/ha. Na área de ILP, a lotação tem sido de 2,7 ua/ha. A produtividade na fazenda passou de 1,51 arrobas por hectare para 9,01 arrobas por hectare a cada ano. Além disso, a idade média de abate caiu de 37 para 28 meses.

A expectativa do grupo SOU é a de ampliar a área com ILP gradualmente até atingir 30% da propriedade. Outra iniciativa foi a de começar há dois anos uma parcela pequena, um projeto de integração pecuária-floresta com o plantio de mudas de baru. A espécie nativa do Cerrado tem dupla aptidão, podendo gerar a castanha de baru a médio prazo e também produzir madeira de alto valor agregado.

“Vai começar a produzir castanha com cinco a seis anos. Apesar de ser uma produção de madeira de mais longo prazo, você consegue ter uma fonte de receita mais a curto prazo. O que ajudaria um pouco no fluxo de caixa. Tem vários desafios, como o fato de ser uma castanha ter a coleta ser manual. Mas a gente acredita que pelo valor agregado que tem a castanha, que tenha aí um certo sentido o projeto”, explica o diretor executivo do grupo.

Outra iniciativa para elevar a renda foi o lançamento de uma marca própria de carne gourmet sustentável, a SOU Beef. Os cortes são provenientes de animais meio sangue angus, criados em sistema integrado.

A experiência da fazenda Água Viva foi uma das responsáveis pelo nascimento da Liga do Araguaia, uma iniciativa do setor produtivo que visa estimular o desenvolvimento rural sustentável no Vale do Araguaia.

Em 2022 a fazenda Água Viva foi uma das vencedoras do Prêmio Planeta Campo, promovido pelo Canal Rural, para reconhecer iniciativas sustentáveis dos produtores rurais brasileiros.