Brasil é protagonista no bioetanol: como isso é essencial para substituirmos os combustíveis fósseis?

Com produção estimada em 112 bilhões de litros, bioetanol, alternativa verde para combustíveis fósseis, é fundamental para preservação do meio ambiente; diretor de Sustentabilidade da Tereos fala sobre o tema

Segundo a Mordor Intelligence, o tamanho do mercado de bioetanol no Brasil é estimado em 112,29 bilhões de litros em 2024, e deverá atingir 144,34 bilhões de litros até 2029. Com um crescimento exponencial, é fato que o combustível aprimorado e desenvolvido no nosso país se torne, cada vez mais, uma opção sustentável e com grande potencial no mundo todo.

É o que aposta Felipe Mendes, diretor de Sustentabilidade na Tereos, líder na produção de cana-de-açúcar, etanol e bioenergia, convidado do Planeta Campo Talks, novo programa de entrevistas multimídia do Planeta Campo comandado por Yahell Bonfim.

Felipe Mendes Talks | Planeta Campo

Foto: Reprodução

Quebra de estigma

Mendes considera que o tempo em que cana-de-açúcar era sinônimo de grandes queimadas e de poluição passou. Desde 2014, o setor tem desenvolvido tecnologias que não precisam agredir o meio ambiente para gerar combustível. Tanto que, segundo o diretor de Sustentabilidade da Tereos, a colheita de toda a produção já é feita de forma mecanizada.

“No caso da companhia, casos de incêndio não são voluntários, não são gerados pela empresa. Fizemos esse primeiro avanço para depois pensar o que fazer com o bagaço da cana”, conta.

Etanol é aposta desde os anos 70

O Programa Nacional do Álcool, conhecido como Pró-Álcool, foi criado em novembro de 1975. O programa teve como objetivo impulsionar a produção de bioenergia no país, representando uma das maiores realizações genuinamente brasileiras baseadas em ciência e tecnologia.

O Pró-Álcool foi uma resposta à crise do petróleo de 1973, que elevou significativamente o preço do barril de petróleo, afetando a economia mundial.

Para Felipe Mendes, a cana-de-açúcar tirou 200 toneladas de carbono da atmosfera apenas pela produção em si — o equivalente a seis cidades de São Paulo. O etanol emite até 80% menos que a gasolina.

“Agora o passo é ir além disso. Já temos o bioetanol consolidado, o açúcar, a própria bioenergia. Um exemplo que estamos pesquisando é o biometano e até mesmo etanol para aviação“, disse.

O diretor de Sustentabilidade da Tereos acredita que o desenvolvimento dessas pesquisas é fundamental para que a própria linha de produção seja descarbonizada, especialmente com os caminhões que transportam cana.