Fundo quer garantir renda mínima para produtor sustentável

Para estar apto a receber o financiamento do fundo, o produtor terá de atender a critérios como desmatamento zero desde 2020

Fundo quer garantir renda mínima para produtor sustentável

Um fundo de financiamento à recuperação de pastagens degradadas e estímulo a modelos de produção agrícola sustentável na Amazônia e no Cerrado está sendo desenvolvido pela Vox Capital e a securitizadora Vert, segundo informações do Reset. Para estar apto a receber o financiamento, o produtor terá de atender a critérios como desmatamento zero desde 2020 e práticas de proteção à floresta de acordo com o Código Florestal.

O projeto foi selecionado para participar do programa de aceleração do Global Innovation Lab for Climate Finance, financiado pelo Governo Britânico. Pequenos e médios agricultores vão receber assistência técnica para fazer a transição para um modelo mais verde e um seguro de renda, que terá por base o volume de produção obtido nos últimos anos via o modelo tradicional de manejo.

Essa “renda mínima” é uma segurança para aqueles que querem fazer a transição, mas têm medo de ter queda na sua receita. Para reduzir as emissões de gases de efeito estufa é essencial que se invista na produção agrícola sustentável.

“Esse fundo vai fazer com que o produtor queira cada vez mais investir em sustentabilidade e diminuir as emissões de carbono. Isso é essencial para a agricultura brasileira prosperar”, diz Caio Magri colunista do Planeta Campo.

Fundo paralelo

Um fundo garantidor, que correrá em paralelo ao de transição, para financiar garantia de renda ao produtor, também está sendo estudado. O plano é captar ao menos US$ 100 milhões, com um primeiro fechamento de US$ 50 milhões até meados do próximo ano. A expectativa é que ao menos 100 mil hectares sejam impactados na Amazônia e no Cerrado e o tamanho das produções deve variar de 500 a 5 mil hectares.

Ações como recuperação de áreas degradadas com produção de grãos, manejo sustentável do gado associado a aumento de produtividade, implementação de sistemas integrados com diferentes espécies agrícolas, agrofloresta e financiamento da bioeconomia poderão receber o crédito.

“É uma inovação gigante como um mecanismo de apoio para a transição de uma agricultura sustentável. Espero que cresça ainda mais esses investimentos que são essenciais para apoiar produtores e produtoras por algo mais sustentável”, destaca Magri.

Vale lembrar que a restauração florestal melhora a qualidade do solo e da água, já que por meio dela as florestas reduzem a erosão e aumentam a fertilidade do solo. Ao controlar a erosão, elas diminuem a quantidade de sedimentos – terra e solo – que entram nos rios, melhorando a qualidade da água como um todo.

A recuperação também tem papel crucial no combate e adaptação às mudanças climáticas e na proteção da biodiversidade. Estudos do IIS na Amazônia e Mata Atlântica mostram que ela pode retirar da atmosfera mais de 18 milhões de toneladas de carbono e reduzir o risco de extinção para 369 espécies na Amazônia e 647 espécies na Mata Atlântica.

Caio Magri
Caio Magri é graduado em Sociologia pela USP, foi gerente de políticas públicas da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, além de coordenador do Programa de Políticas Públicas para a Juventude da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto (SP). Sob a coordenação de Oded Grajew, integrou a equipe da Assessoria Especial do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Atualmente é presidente do Instituto Ethos e participa como membro dos seguintes conselhos: Transparência Pública e Combate à Corrupção (CGU); Pró-Ética (CGU); Agro + (MAPA); Infra + (MInfra); Rede Nossa São Paulo; Instituto de Apoio a Crianças e Adolescentes com Doenças Renais (ICRIM); Associação São Agostinho (ASA); Instituto Brasileiro de Autorregulação no Setor de Infraestrutura (IBRIC); Instituto Ética e Saúde; e Fundo JBS Amazônia.