Com PSA e compensação de carbono, Programa Conservador da Mantiqueira ajuda a restaurar áreas

Realizada desde 2015, iniciativa tem como foco 425 municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais

 

Thales Guedes Ferreira é produtor rural no município de Cruzeiro, no interior de São Paulo, o sítio dele tem nove hectares e mais da metade da área é destinada  à regeneração natural através do programa Conservador da Mantiqueira.

Iniciativa, que desde 2015 ajuda a restaurar e proteger áreas de 425 municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, tem como estratégia de conservação ambiental a restauração, o Pagamento por Serviços Ambientais  (PSA) e a geração de créditos de carbono. “O crédito de carbono é mais uma fonte de recurso pra gente poder fazer restauração. Então a gente tem um mercado de carbono voluntário e é nesse mercado que a gente atua”, explica a diretora da The Nature Conservancy Brasil (TNC) na região Mata Atlântica, Adriana Kfouri.

Na prática, o produtor que faz parte do programa recebe, além de insumos necessários ao isolamento da área a ser regenerada, o Pagamento por Serviços Ambientais e a compensação de carbono.

Os contratos têm duração de 10 anos e durante os cinco primeiros, o produtor recebe o incentivo de R$ 300,00 por hectare, a cada 12 meses, ao isolar as áreas de intervenção. “Quando a gente trouxe o projeto de carbono, o Thales foi um dos primeiros a aderir. Ele tinha algumas áreas da propriedade dele que precisavam ser restauradas  e a gente colocou dentro da lógica do projeto. A gente foi trabalhando a propriedade dele para que seja essa grande vitrine do trabalho de restauração”,  disse Adriana.

Na propriedade, Thales comemora algumas conquistas, como a recuperação de uma nascente que já estava seca. Resultado da adoção dos sistemas agroflorestais para a restauração ambiental, esses sistemas, conhecidos por SAFs, são modelos de produção que associam árvores com outras culturas agrícolas na mesma área e ao mesmo tempo, através dos  consórcios. Esses sistemas biodiversos tem grande capacidade para melhorar o meio ambiente.                                                                                                                       

“Ao sair da monocultura e trabalhar no sistema integrado, em que você tem duas espécies produzindo, o produtor passa a ter opção de mercado para duas espécies, o que é uma vantagem para ele. Então ele vai poder explorar aquele outro produto no mercado. E outra vantagem, essa para o solo, porque as árvores e as lavouras ocupam camadas diferentes. As árvores têm uma raiz maior mais profunda, então ela explora uma região do solo que a sua planta não explora porque tem uma raiz mais superficial. A gente fala que é uma bomba de nutrientes porque ela traz nutrientes da profundidade para superfície, aí as folhas das árvores caem fazendo uma ciclagem daqueles nutrientes e refletindo as características do solo, aí vai melhorando as características do solo”, explica o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, José Ricardo Macedo Pezzopane.

E como será que o Thales se sente diante das melhorias do solo,  na recuperação das nascentes, na biodiversidade e na produção mais sustentável? “Hoje a gente se sente completamente transformado …como o ambiente se transformou”.