Produtor usa cada vez mais bioinsumos para aumentar produtividade

A estimativa é de que o consumo desses produtos esteja crescendo de 13% a 13,5% ao ano

Produtor usa cada vez mais bioinsumos para aumentar produtividade

Por definição, bioinsumos são insumos biológicos de origem animal, vegetal ou microbiana capazes de interferirem positivamente no crescimento e produção agropecuária e florestal.

O uso destes produtos não é novidade na agropecuária brasileira, mas, quando se fala em sustentabilidade, representam uma alternativa necessária para o presente e para o futuro do agronegócio. 

Segundo a Embrapa, o aumento da produtividade, aliado à redução de custos e ao desenvolvimento de sistemas de plantio baseados em recursos mais sustentáveis, são alguns dos principais atrativos para o uso de bioinsumos, que vem crescendo a cada ano no Brasil.

Demanda sustentável 

Tanto na agricultura orgânica como na convencional, produtores buscam cada vez mais esse recurso para a nutrição de fertilizantes no solo ou no controle de pragas que atacam a lavoura. Para o  diretor de inovação do ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cleber Soares,  a estimativa é de que o consumo desses produtos esteja crescendo de 13% a 13,5% ao ano. “a agropecuária brasileira vem desse movimento de uma agropecuária sustentável e descarbonizante”, justificou.

O aumento também foi percebido pela Associação Croplife Brasil, responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para o campo, a entidade afirma que o setor de bioinsumos já movimenta mais de um bilhão de reais no Brasil. 

A expectativa de crescimento anual é de mais de 25%, uma movimentação que representa a grande demanda do mercado pelo pensamento sustentável. “Isso mostra que os bioinsumos vieram pra ficar. é mais do que uma tendência, é uma necessidade para continuarmos alavancando a nossa agropecuária de base sustentável”, completou Soares. 

Números

De acordo com o Presidente do Conselho Estratégico do Programa Bioinsumos, Alessandro Cruvinel o Brasil tem 20% de toda a biodiversidade do planeta.  “Imagina o potencial que o país tem para utilizar toda essa biodiversidade em prol da agricultura,  da pecuária. Existem pesquisadores trabalhando há muitos anos para desenvolver e transformar essa riqueza  em produtos para oferecê-los ao mercado”, afirmou. 

A Embrapa Amazônia Ocidental fez um mapeamento recente que revelou que já existem mais de 60 bioativos viáveis que podem ser usados como matéria-prima de bioinsumos para diversas soluções no campo.

O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Gilvan Ferreira, explica que cada grama de solo tem milhões de organismos que podem ser usados com potencial para ser aplicado no agronegócio. “Nós identificamos microrganismos com potencial controle de patógenos de diversas culturas agrícolas”, disse. 

Amazônia 4.0

Um projeto chamado Amazônia 4.0 está criando um “biobanco” de dados sobre o genoma de centenas de milhares de espécies amazônicas. chamado de  amazon biobank, o sistema deve entrar em operação no próximo ano. 

Segundo o professor de engenharia de computação da USP, Marcos Simplício, o envolvimento das populações locais é importante porque são elas quem têm acesso à Amazônia. “Eles estão no local, conseguem fazer a extração de dados do local e também têm conhecimento. Se as populações quiserem compartilhar, elas conseguiriam. Também daria para conseguir retorno com isso. Diferente do que tradicionalmente tem acontecido de exploração de biodiversidade da Amazônia. Os interessados extraem todas as informações, criam produtos com isso e nunca retorna absolutamente nada para a região. Queremos reverter esse processo e transformar essa fonte de riqueza em riqueza mesmo (para a comunidade)”, falou.