Projeto reduz desperdício de alimentos com colheita por demanda

Iniciativa conecta produtores com consumidores, valoriza o comércio local e promove a logística reversa

Projeto reduz desperdício de alimentos com colheita por demanda

Uma iniciativa de São Simão, na região de Ribeirão Preto, interior paulista, reduziu o desperdício de alimentos repensando a cadeia produtiva. Com a ajuda da tecnologia, a empresa Local conecta os produtores aos consumidores e permite que a colheita só aconteça após o pedido do cliente, valorizando o comércio local e promovendo a logística reversa.

Igor Médici, que é co-fundador da Local, explica como o negócio funciona. “A gente começou com um piloto aqui e a Local é uma marca de produtos sustentáveis locais. Então todos os nossos produtos são feitos por produtores aqui da cidade, da região, a gente embala todos eles em embalagens sustentáveis, que são retornáveis ou biodegradáveis, e a gente faz todo o serviço de entrega e de logística para garantir que esses produtos dos produtores locais cheguem na casa dos clientes com o menor desperdício possível e gerando lixo zero na nossa operação”.

No site da empresa estão cadastrados 450 itens, produzidos por 36 pequenos produtores rurais. Um deles é o senhor Antonio Alberto Marcondes, que produz hortaliças, banana e mandioca em cinco hectares de terra.

Antonio explica como passou a fazer parte do projeto. “Ele [Igor] que nos visitou aqui. Um dia ele veio nos visitar, conversamos e começamos a negociar. É muito interessante, muito interessante porque a gente não precisa sair daqui para vender, a gente produz e ele busca a mercadoria aqui e passa para o [consumidor] final”.

O negócio promove a inserção dos pequenos produtores no mercado. “Produtores familiares que não têm acesso ao varejo, ao mercado, ele não consegue colocar o produto dele em grandes redes e para ele é sempre um desafio vender, além das incertezas todas de produzir. Então, a gente consegue ajudar ele nisso. A gente também tem um relacionamento muito mais próximo, a gente intermedia muito, a gente corta etapas nessa distribuição. Então a gente pega direto do produtor e leva para o consumidor final. Então a gente consegue remunerar bem o produtor e a gente tem uma relação muito mais próxima e justa com ele. A gente desenvolve os produtos com eles, a gente faz as coisas a quatro mãos com os produtores”, diz Médici.

Praticidade

Os clientes fazem os pedidos por um aplicativo e a Local é notificada. Em seguida, avisa os produtores rurais, que colhem o que foi pedido e organizam no barracão. Na sequência, a encomenda sai para a casa do cliente.

Aline Correia Martins é uma das clientes da empresa e ressalta os benefícios ambientais do projeto. “Eles nos deram a opção de embalagens retornáveis para a gente gerar menos lixo com essa pegada ambiental, para ver se a gente consegue reciclar algumas coisas. O preço deles é muito acessível, dá para todo mundo consumir com qualidade boa também, qualidade excelentes. Os legumes e as verduras são todos muito fresquinhos, dá para você pedir diário, no meu caso eu compro semanal, mas quem gosta de manter tudo muito mais fresquinho, diariamente eles conseguem entregar pra gente com preço acessível, qualidade boa, tudo de melhor”.

Compostagem

No momento da entrega das encomendas também acontece a recolha das sobras de alimentos do pedido anterior, que são levadas para compostagem e vão ser utilizadas como adubo.

“A Local pratica economia reversa, que é justamente pela nossa escala local, tanto das embalagens, então o uso das embalagens retornáveis ele é possibilitado por isso, a gente consegue trazer as embalagens vazias de volta aqui para o nosso centro de distribuição, quanto também dos resíduos orgânicos dos nossos clientes, gerados na casa desses clientes. Então todo tipo de resto de alimentos que eles têm na casa, eles colocam no nosso tamborzinho de compostagem e a gente traz aqui para o nosso centro e faz a compostagem aqui no nosso barracão”, explica Milena Sartori, que é co-fundadora da empresa.

Menos desperdício

Segundo estimativas do relatório sobre “Índice de Desperdício de Alimentos 2021”, da Organização das Nações Unidas (ONU), 931 milhões de toneladas de alimentos foram para o lixo em 2019.

Isso sugere que 17% da produção total de alimentos foram para o lixo. O peso equivale a aproximadamente 23 milhões de caminhões de 40 toneladas, totalmente carregados, o suficiente para circundar a terra sete vezes.

No entanto, o desperdício passa longe de São Simão e este ano a empresa foi indicada a um prêmio internacional equivalente ao ‘Oscar da sustentabilidade’. “É um prazer muito grande estar concorrendo a esse prêmio que é o maior prêmio internacional de sustentabilidade, de todo o mundo, é um prêmio criado pela fundação do príncipe William, da Inglaterra. Nós estamos concorrendo na categoria `construir um mundo sem desperdício´, que eu acho que é o principal pilar da Local”, orgulha-se Milena Sartori.

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