Produção de biometano pode suprir 85% de diesel de São Paulo

Foi iniciada a operação do projeto ‘Cidades Sustentáveis’, pioneiro no País na inserção do biometano em rede exclusiva de gasoduto

O biometano é uma fonte de energia limpa que pode ser uma parte importante da revolução na forma como se consome energia nas cidades, com uma fonte advinda do campo.

Fruto do processamento de resíduos nobres da cana-de-açúcar (vinhaça, palha e torta de filtro), o biometano gerado na Usina Cocal, em Narandiba (SP) faz parte agora da primeira rede de gasoduto exclusiva deste tipo de gás no Brasil.

O projeto coloca os municípios paulistas de Presidente Prudente, Narandiba e Pirapozinho em destaque nacional no que diz respeito ao abastecimento com o biometano, começando pelo abastecimento das atividades industriais da região.

A parceria foi realizada entre a GasBrasiliano e a Usina Cocal, sendo a primeira responsável pela construção do gasoduto e pela distribuição do produto na região e a segunda pela produção do gás, com capacidade de até 25 mil m³/dia.

O projeto conta ainda com a parceria da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA) e com o apoio da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (ARSESP).

Foram construídos, aproximadamente, 65 km de rede de distribuição (51 km em aço e 14,5 km em polietileno) para interligação entre a fonte de suprimento, a Usina Cocal, em Narandiba, ao mercado consumidor industrial, em Presidente Prudente.

O investimento total no projeto foi de R$ 180 milhões, sendo R$ 30 milhões para construção da rede exclusiva de distribuição e R$ 150 milhões na construção da planta de biogás para a produção do biometano.

Biometano

Gasoduto Biometano Biogas Cegas Foto Divulgacao Seinfra Gov Ceara | Planeta Campo

FOTO MARCOS STUDART

Segundo estimativas da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o Brasil tem potencial de produzir, até 2030, cerca de 30 milhões de metros cúbicos por dia do biometano.

O biometano é uma alternativa sustentável para o diesel e GNV em veículos, além da possibilidade de substituir o gás liquefeito de petróleo e gás natural em residências e indústrias.

No setor sucroenergético, se considerar toda a produção de cana-de-açúcar moída no Brasil, 640 milhões de toneladas, e utilizar todos os resíduos desse processo de transformação para a biodigestão, seria possível produzir cerca de 15 bilhões de m³ de biometano.

“Para se ter uma referência, isso é como se fosse o consumo de 85% do diesel do estado de São Paulo. Conseguiríamos converter em uma matriz limpa e com isso reduzir a pegada de carbono de todo o estado” explica Gustavo Alves, diretor comercial da Cocal.

Próximos passos

O objetivo dos envolvidos na operação inédita é desenvolver indústrias e equipamentos para ampliar a capilaridade e distribuição do gás.

“O próximo passo é distribuir isso, fazer com que o biometano chegue no grande consumidor, que são as empresas que já tem compromisso ESG e querem uma matriz energética verde. Precisa ser viabilizado, para ser feito o transporte e o abastecimento para essa cadeia de produção via modal de gasoduto”, conta o responsável da Usina.