Brasil precisa ampliar a rastreabilidade e demonstrar para o mundo a sustentabilidade do setor produtivo, diz Fernando Sampaio

Convidado do Planeta Campo Entrevista, diretor de sustentabilidade da Abiec falou sobre diversas questões essenciais para o agro brasileiro

No Planeta Campo Entrevista desta semana, falamos sobre alguns dos principais desafios da agropecuária brasileira: a rastreabilidade do rebanho bovino; o apoio aos pequenos e médios produtores; e a Lei Antidesmatamento da União Europeia.

O nosso convidado, o diretor de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), vice-presidente da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável e cofacilitador da Coalizão Brasil, Fernando Sampaio, falou sobre esses e outros assuntos essenciais na agenda atual do agro.

Logo no início da entrevista, o diretor de sustentabilidade da Abiec falou sobre as exigências atuais em torno da rastreabilidade, principalmente na cadeia produtiva da pecuária. Além das garantias sanitárias, o mercado vem demandando garantias ambientais para demonstrar que a carne brasileira não contribui para o desmatamento.

“Essa demanda vem por conta de toda agenda global do clima. Então isso está entrando na agenda dos países, mas também das empresas do setor privado. Muitos dos países e das empresas que assumiram os compromissos de clima estão incorporando nesses compromissos desvincular suas cadeias de fornecimento de desmatamento principalmente”, destacou Sampaio. Segundo ele, a parte sanitária sempre foi o maior degrau para o setor produtivo, mas agora há também o peso das pressões ambientais.

Apesar de grande parte da produção brasileira ser sustentável e responsável, ele acredita que ainda falta ao País conseguir demonstrar esse diferencial para o mercado externo. “Principalmente na cadeia pecuária, na Amazônia, onde o gado é usado como uma forma de ocupar terras públicas. Como eu separo isso para garantir que o que o Brasil está produzindo e exportando não vem da ilegalidade?”, questionou.

Nesse cenário, ele reforça o papel da rastreabilidade. A mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, em parceria com a Coalização Brasil, apresentou ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) uma proposta para monitoramento de 100% do rebanho bovino nacional.

“Hoje a tem esse entendimento, a indústria, os produtores e o governo, de que o país precisa caminhar nessa direção. A gente precisa ampliar essa rastreabilidade individual que é o que vai dar um controle, tanto do ponto de vista sanitário, quanto do ponto de vista ambiental, um controle mais eficiente. Então a Mesa juntou essas propostas e premissas e adicionou a questão da sustentabilidade. Não só seguir os animais, mas saber que as propriedades onde eles passam, seguem determinados critérios”, explicou.

Em relação às cobranças da União Europeia, apesar de não serem o principal mercado comprador do agro brasileiro, Fernando fez questão de lembrar que os europeus são os que pagam mais pelos cortes nobres da carcaça bovina, além de representarem o terceiro mercado em faturamento para o Brasil. “Para a gente é muito importante manter a União Europeia como mercado e até ampliar o que a gente consegue enviar pra lá”.