Pagamento por serviços ambientais impulsiona desenvolvimento sustentável na Amazônia

Pesquisadores da Embrapa constataram que a recompensa pela preservação e melhoria dos serviços ambientais incentiva um manejo florestal sustentável, a conservação da floresta e o seu uso responsável

Um estudo da Embrapa Meio Ambiente (SP), da Embrapa Amapá e da Embrapa Roraima concluiu que a compensação pelos serviços ambientais prestados pelas comunidades agroextrativistas da castanha-da-amazônia pode ser uma estratégia eficaz para impulsionar o desenvolvimento sustentável e enfrentar os desafios das mudanças climáticas e do desmatamento.

A pesquisa analisou os pagamentos por serviços ambientais (PSA) e o pagamento por redução de emissões provenientes de desmatamento e degradação florestal (REDD+), dois mecanismos que podem agregar valor às florestas com ocorrência da castanheira, ao trazer benefícios adicionais como o armazenamento de carbono, regulação do clima e o cumprimento de metas estabelecidas em programas governamentais e acordos internacionais.

Os pesquisadores constataram que a recompensa pela preservação e melhoria dos serviços ambientais incentiva um manejo florestal sustentável, a conservação da floresta e o seu uso responsável. Essa compensação pode ser feita por meio de políticas públicas ou iniciativas privadas que englobem aspectos ambientais, ecológicos e socioeconômicos.

“Além disso, fortalecer a economia florestal e o mercado de produtos amazônicos é fundamental para tornar o manejo florestal economicamente competitivo em relação a atividades dependentes do desmatamento, viabilizando assim a conservação da floresta em pé”, afirma a pesquisadora da Embrapa Patrícia da Costa.

“É importante perceber o potencial de mercados para produtos tradicionais, como mel e sementes florestais, no reflorestamento, bem como a possibilidade de criar novos mercados a partir dos recursos biológicos da floresta”, explica o pesquisador da Embrapa Marcelino Guedes.

O cientista frisa que as áreas com castanheiras representam florestas de alto valor para a bioeconomia, para a preservação das comunidades agroextrativistas e para a estabilidade ecológica.

“Portanto, é fundamental reconhecer a importância do agroextrativismo e dos serviços ambientais prestados pelas famílias que dependem da castanha para a conservação dessa inestimável floresta”, defende Guedes.

A castanha-da-amazônia é um dos principais produtos do agroextrativismo brasileiro. Sua cadeia envolve dezenas de milhares de famílias e movimenta milhões de dólares anualmente. Ela é considerada um superalimento, devido a altas concentrações de nutrientes benéficos à saúde como compostos lipídicos, proteicos e antioxidantes como o selênio, associado à proteção contra doenças neurodegenerativas e câncer.

Estima-se que a produção de castanhas obtida por meio do extrativismo no Brasil gire em torno de 130 milhões de reais por ano, mas esse valor pode estar subestimado. O mercado interno para a castanha tem crescido nos últimos anos, tornando-se o principal consumidor do produto.

Além do aspecto econômico, as florestas com castanheiras também abrigam uma grande biodiversidade de flora, fauna e microrganismos, desempenhando um papel fundamental na manutenção dos ecossistemas. A castanheira é polinizada por abelhas, como as mamangavas, importantes na produção de frutos de interesse agronômico e alimentar. Além disso, a espécie é essencial na teia alimentar de diversos animais, proporcionando alimento a macacos, aves e roedores, como as cutias, que são dispersores das sementes.

Os pesquisadores da Embrapa defendem que a compensação por serviços ambientais deve ser estabelecida para garantir a sustentabilidade das comunidades agroextrativistas e a conservação da Floresta Amazônica.

Eles recomendam que a implementação de políticas públicas ou iniciativas privadas nessa área seja feita com a participação das comunidades locais, para que elas possam se beneficiar de forma equitativa dos resultados.